tag:blogger.com,1999:blog-89509314718924717262024-03-13T04:44:04.985-07:00felix dixitfelixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.comBlogger28125tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-24268880810044690132018-03-11T08:41:00.000-07:002018-03-11T08:41:20.398-07:00Um anoO meu pai morreu. O coração cansou-se do peso que ele transportava diariamente nos ombros. Vergava-o literalmente e em casa tínhamos de o lembrar, a cada manhã, onde pôr os pés para se levantar, e a dar os primeiros passos. Ou então era ele que nos lembrava, quando às vezes o fazia sozinho, a porta da casa de banho aberta, cheia de luz, a da lâmpada e a dele, a fazer a barba cuidadosamente ou, ainda ao espelho, aplicando golpes de pugilismo de elevada nota artística a um inimigo imaginário. Escondia assim nestas ironias a sua raiva, o seu desespero, o de não ter acesso garantido ao corpo e à memória. Às vezes distraído, o corpo enrolava-se numa espiral de argonauta, numa lenta implosão. Eu a puxar-lhe os ombros para trás, olha em frente paizinho, isso. Depois descíamos a rua naquela escala de tempo que, aqueles que não conhecem o amor, diriam lenta. Pedíamos café ao senhor Carlos, entre eles uma piada secreta, sempre a mesma e sempre os mesmos sorrisos, depois sentávamo-nos a conversar sem palavras, ele sempre de olhos vivos a ver o mundo a acontecer, ficando alegre com a alegria dos outros, que era também a dele. Dizia que a vida às vezes pode ser mais longa do que pensamos e é preciso fazer as escolhas acertadas, no fim e como no cinema tinha de ficar uma história bem contada, apenas isso. Dizia poucas coisas mas guardo muitas na memória, via-o sempre à distância, o meu filósofo da ação, e eu o seu filho pequeno buscando aprovação. Andou dez anos com alguém às cavalitas, parece que se chamava Parkinson, palavra que ele nunca se lembrava e eu quero esquecer todos os dias, como o de hoje, em que me apetecia era andar a passear devagarinho com ele no Jamor.felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-25318587880745260732017-03-05T16:44:00.002-08:002017-03-05T16:44:12.259-08:00FugasTenho nos dias passados as horas contadas em segundos perdidos, e assim me quedo numa tristeza genérica, como se o eu que talvez seja fossem vários e de nenhum deles restasse memória vívida.
Como se a névoa do esquecimento se tornasse definitiva bruma e o futuro não passasse de uma página virada há muito, nimbado, ocasionado, perdido.
Tenho nos dias dos mundos possíveis a sensação do desejo da fuga e no mundo actual o desejo da sensação de qualquer coisa, o desejo de qualquer coisa para além de uma broa quente e da manteiga que nela derrete.
O desejo de pintar o branco todo de uma cor qualquer, de fugir com o balde da tinta na mão e deixar cair a trincha ensopada com a sensação de ser perseguido. (tropeçar)
A sensação de desejar arrancar toneladas de verde à dentada e cuspi-lo para lá dos montes visíveis, enfeitar os prédios altos com perucas ridículas de ervas e plantas mortas, enxovalhar a cidade inteira no desdém da sua inanimidade. Cidades mortas de gente morta dentro de ecrãs, dentro das suas jaulas religiosamente pagas em cada um dos doze avos em que dividem as suas setenta vidas. Uma de cada vez com direito a balancete, champanhe e orçamentos rectificativos.
Como se o tónus da vontade urgisse da festa, pipoca utópica e atarantada projectada dos esgares, gargalhadas e afins euforias.
O desejo de qualquer coisa.
A sensação de qualquer coisa desejada.
A fuga da sensação.felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-61352387477148993262017-01-25T15:08:00.001-08:002017-01-25T15:08:19.909-08:00Bestiário do Julio<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-s29L09YZHPI/WIkv3bUzT8I/AAAAAAAABEk/v6nhRj8fV6opF3mClNnas-ql5hwkJh69ACLcB/s1600/20170125_230435.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-s29L09YZHPI/WIkv3bUzT8I/AAAAAAAABEk/v6nhRj8fV6opF3mClNnas-ql5hwkJh69ACLcB/s320/20170125_230435.jpg" width="320" height="180" /></a></div>
Um homem que vomita coelhinhos que partem jarras, coladas mais tarde com cola inglesa. Uma mulher censurada pelo olhar de um autocarro inteiro e um homem que também, mas mais tarde, assim como mais tarde o motorista lhe tenta bater, por razão nenhuma, acabam por sair os dois e ele compra flores finalmente. Pessoas que criam mancúspias. Dois irmãos que perdem a sua casa progressiva e beneplacitamente. A mim este Cortázar no seu "Bestiário" parece-me um António Lobo Antunes simpático na frase, mais delirante no tema que no discurso, mas ainda assim com as frases penduradas em penhascos e quem lê às vezes enrola-se na vertigem da ignorância e volta atrás para buscar uma corda antes de se atirar lá para baixo. Venha o próximo.felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-17290512207944811342016-10-24T16:02:00.001-07:002016-10-24T16:02:51.652-07:00Lê Séneca <a href="https://2.bp.blogspot.com/-3sm6Xn-b7V4/WA6S2f_nE7I/AAAAAAAABD8/8KzT3G3Sg6AagymmGYHFzFFEEDhatV_zwCLcB/s1600/leseneca.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-3sm6Xn-b7V4/WA6S2f_nE7I/AAAAAAAABD8/8KzT3G3Sg6AagymmGYHFzFFEEDhatV_zwCLcB/s320/leseneca.jpg" width="320" height="201" /></a>
<p>
"Lê Séneca", dizia o António Feio ao José Pedro Gomes, ou as suas personagens uma à outra. António Feio no seu modo 'estóico' de encarar o infortúnio com um sorriso cândido, não fez mais que aumentar a pressão das veias do seu amigo, furioso pela sua aquisição de um quadro branco com riscas brancas, um suposto ícone de contemporaneidade. E na altura, a peça chamava-se "Arte", ri-me com a frase, encostado à minha rica cultura de aluno de belas-artes, pois mandar alguém furioso ler um filósofo é uma tirada já de si engraçada e é obrigatório rirmo-nos de piadas com nomes de autores consagrados. Não li Séneca mas falaram-me dele, mais concretamente o Alain de Botton, e então revi a peça no Youtube até encontrar a tirada do Feio e perceber porque me tinha rido naquela altura. Confere, foi mesmo engraçado.
</p>felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-41552608504708513762016-10-12T16:41:00.000-07:002016-10-12T17:01:37.115-07:00"Eusa" no ColiseuAs bombas tinham cessado e na cidade ainda a fumegar emergia a alegria de uma sala de espetáculos. Casa cheia, lugares ocupados, os de pé e os sentados, mesmo os que mal deixam ver o palco. As cadeiras rangem ao menor movimento, o chão aqui e ali remendado atira-nos pequenos protestos metálicos à passagem dos últimos espetadores. Nos corredores dos camarotes, acima das nossas cabeças, de quando em vez um trote apressado, talvez soldados atentos ainda de dedo quente e botas ligeiras. Nas costas o ar corre como se houvesse uma porta aberta por cada cadeira. Ao fundo do palco um homem a tentar não falar, mas os seus dedos sem conseguir parar, num martelar enrolado, crescente, melodioso (mel + odioso, que junção estranha para uma palavra tão doce, antes fosse mel + amável, onde no final talvez sem acento ficasse melamavel). Atrás de Yann, o seu nome, uma fita rola e depois uns sons a servir-lhe de fundo ao pianar. Do lado direito de Thiersen, seu apelido, dois minúsculos pianos de brincar onde ele toca a sério para descansar do piano grande e do violino onde rasga meia dúzia de notas de vez em quando. Uma coisa de cada vez, analogicamente, sem camadas, sem maquilhagem, como quem come fruta das árvores ainda com casca, os pingos a escorrer da boca e a brisa a arrepiar o espírito. Voltou talvez três vezes a ver se calava as palmas até que o dono da sala nos calou a todos com as luzes acesas.</br>
Afinal não foi um concerto no pós II Guerra, foi mesmo em 2016, ali no Coliseu, uma espécie de fantasma ignorando a morte. De resto as centenas de pequenos ecrãs acesos, durante a escuridão melancólica do alinhamento, não se cansaram de me lembrar da época em que vivo. Ao contrário de quem gravou o som e a imagem e partilhou a sua estupenda experiência nas timelines mundiais, eu terei de recorrer apenas à minha memória.
<i>Yann Tiersen Live Solo Tour</i>
felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-83125291158347118832016-09-06T15:35:00.003-07:002016-09-06T15:35:35.847-07:00S de sobreviver<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-4cXoBZYlt7c/V89CRnUCSeI/AAAAAAAABDI/GN-w5elXiEkR4JO7lej2C-6wG8GXeim6ACLcB/s1600/19772950_t25d9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-4cXoBZYlt7c/V89CRnUCSeI/AAAAAAAABDI/GN-w5elXiEkR4JO7lej2C-6wG8GXeim6ACLcB/s200/19772950_t25d9.jpg" width="165" height="200" /></a></div>
Conhecer alguém antes de a conhecer, não há outra maneira de o dizer. "Não é uma questão de ultrapassar o luto: há que incorporar a perda" diz Helen McDonald, uma talentosa praticante (e cara colega) da misantropia, no bom sentido do termo, e na linha dos que para perceber os Homens, regressam ao mais profundo da natureza, ao estado selvagem que preside em particular nos predadores. Uma mulher de quarenta anos lançada na orfandade de pai, que ensaia e estuda a morte e o desapego com Mabel, um açor, máquina implacável de matar coelhos. Mabel morre também, como o seu pai, e a cada morte, mais do que o vazio, fica qualquer coisa de novo, uma espécie de paradoxo com o qual se pode enfrentar o medo: a incorporação da perda. A tomada de consciência do peso transformador do desaparecimento dos alvos do nosso amor. E a escolha de, perante esse peso, olhar para fora, para o mundo, como se ele estivesse todo dentro de um pensamento, à boa maneira dos solipsistas. E assim sobreviver.
<i>
Comentário a leitura da entrevista a Helen McDonald publicada na revista LER.</i>felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-21603457233868710982015-03-30T16:57:00.000-07:002015-03-30T16:59:20.201-07:00Murakami vs Jorge Palma<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-FNe_BNiKAHo/VRni6RYdnQI/AAAAAAAABAg/9QwT1fACnXE/s1600/capa%2Bharuki.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-FNe_BNiKAHo/VRni6RYdnQI/AAAAAAAABAg/9QwT1fACnXE/s320/capa%2Bharuki.jpg" /></a></div>
O Jorge Palma diz, sedento e convicto, que o amor dele existe, a galope nos seus trinta mil cavalos, mas o senhor Haruki duvida de tudo o que vê e sente. O seu amor aparece e desaparece num bar em Tóquio ao som de “Star Crossed Lovers” de Duke Ellington, até desaparecer de vez – ou talvez tenha sido o mundo a desaparecer inteiro de dentro da sua etérea Shimamoto. Só as marcas lá ficaram, as de dentro porque as outras não se deixam ver nem ser provadas. Murakami é para se ler com banda sonora e para nos acompanhar depois de acabarmos de ler cada história, deixando-nos a dúvida: não estaremos nós a ser lidos por ele?
felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-85189724439278192862015-03-16T16:55:00.001-07:002015-03-16T16:55:10.365-07:00Ler duas vezes<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-D4V4qInoWOI/VQdtQifW78I/AAAAAAAAA_o/b_bsPj532fo/s1600/image0-22.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-D4V4qInoWOI/VQdtQifW78I/AAAAAAAAA_o/b_bsPj532fo/s320/image0-22.jpg" /></a></div>
Sem saber bem o que fazer ao tempo, quando a vida me obriga a esperar, retorno aos livros que no passado me aqueceram os dias. Às vezes um sobressalto da memória faz-me sentir em casa, outras o desconhecido assombra-me ou ilumina-me. Neste processo, um desses homens da palavra, fez-me perceber porque o fazia: Kundera falando da velocidade e da lentidão. Porque é importante andar devagar quando o tempo nos comprime os dias, nem que seja fingindo, os passos sucedendo-se pausados e o coração em atropelo, a empurrar o espírito que o rasteira, mas os passos ainda assim sucedem-se pausados. Reler é às vezes a única forma das palavras entrarem cérebro dentro e se espalharem pelo corpo.felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-3397931861892442022014-11-25T17:05:00.001-08:002014-11-25T17:07:19.969-08:00NoiteQuando a noite
[fechando a cortina ao movimento]
Inverte o infinito
[para dentro]
A memória do corpo é fugaz
Apenas restam os olhos (vendo agora para dentro)
[Às vezes num ligeiro tremor
Outras numa gota que resoluta se desprende, abrindo caminho]felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-10060465989388048982014-01-02T09:06:00.001-08:002014-01-02T09:06:35.379-08:00Livros: Futuro do mundoLi recentemente “O Futuro do Mundo” de Isaac Asimov numa espécie de regresso (meu) ao género da ficção científica. Num cenário onde se exorcizam os medos que moram no futuro, Asimov fala-nos da finitude dos recursos do planeta e da sua fragilidade perante a fúria da máquina de guerra humana. Coloca questões sobre a eterna guerra das raças, cada uma buscando o seu lugar no topo da hierarquia, subjugando as mais fracas ao poder do fogo. Aborda ainda o cada vez mais premente problema do aumento da esperança de vida, em que o homem, após a sua vida ativa entra num limbo nem sempre auspicioso. Um <i>thriler</i> onde os terráqueos pagam um preço demasiado elevado pelos seus erros e ambições. Vou voltar à biblioteca e trazer mais um destes volumes.
Já agora e porque é de uma edição da coleção Argonauta que se fala aqui deixo uma sugestão de banda sonora…
<a href="http://www.rtp.pt/play/p287/e139145/argonauta">http://www.rtp.pt/play/p287/e139145/argonauta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-YISmGltMJsI/UsWciKTWUdI/AAAAAAAAA1g/j5q8n9XhtMw/s1600/Isaac+Asimov.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-YISmGltMJsI/UsWciKTWUdI/AAAAAAAAA1g/j5q8n9XhtMw/s320/Isaac+Asimov.JPG" /></a></div></a>
felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-26738044692675346802011-09-21T16:21:00.001-07:002011-09-21T16:21:50.823-07:00A tentar a tentar parar<br />Por perdido perdido pensar que se está<br />Mexendo-se o chão por baixo dos pés<br /> Que levantados no ar<br />E o firmamento também a mexer por cima dos pés<br /> E do que deles por cima está<br />E o corpo todo quieto<br />Só o mundo todo às voltas e pinotes<br />Entregue ao caos saboroso da derrota<br /> À justificação da irresponsável revolta<br /><br />Mas afinal nem o corpo que estava todo quieto<br />Nem o mundo que às voltas e pinotes<br />Se entregava ao caos saboroso da derrota<br /> E à justificação da irresponsável revolta<br />Pararam<br />Nem eu de estar parado<br />Nem o resto de mexerfelixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-15366934480158269772011-02-24T04:45:00.000-08:002011-02-24T04:46:04.853-08:00Por antecipaçãoNem é tanto o que se vai (mas o que fica por dizer)<br />Retirando do horizonte como as cortinas (dos teatros)<br />Do quarto onde ao acordar se duvida (tendo a certeza)<br />Se o que desapareceu não terá sido um sonho (do sonho)<br /><br />É mais o que fica por dizer (ou que a mais se disse)<br />Como as peças repetidas nos teatros (sobre o real)<br />Onde tendo a certeza da fantasia (que se fantasia)<br />Não interessa o que de impossível se revela ( e onde os aplausos são exorcismos)<br /><br />Não sendo tanto será muito o que sobra (soçobra perante)<br />No devir da memória incompetente (a impotente)<br />Que sem demora seus juros cobra (imaginação)<br />Pelo espólio gravado latentemente (que mente)felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-10141115992284374192010-12-13T06:06:00.000-08:002010-12-13T06:13:03.632-08:00<a href="http://4.bp.blogspot.com/_y7X1hHslkug/TQYp4h1dUdI/AAAAAAAAAXE/fW1FOVTAg_g/s1600/poetry-i.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 141px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_y7X1hHslkug/TQYp4h1dUdI/AAAAAAAAAXE/fW1FOVTAg_g/s320/poetry-i.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5550169641912717778" /></a>felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-16565248056348681832010-12-02T09:32:00.000-08:002010-12-02T09:37:18.827-08:00<a href="http://4.bp.blogspot.com/_y7X1hHslkug/TPfZENOONpI/AAAAAAAAAWk/GvatJ2asE-0/s1600/tem%25C3%25A1tica.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 204px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_y7X1hHslkug/TPfZENOONpI/AAAAAAAAAWk/GvatJ2asE-0/s320/tem%25C3%25A1tica.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5546140132422071954" /></a>felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-80956187639590623722010-09-19T19:22:00.000-07:002010-09-19T19:24:00.085-07:00Lá fora os pequenos demónios<br />são cordeiros de homens disfarçados<br />sorrindo doce e alegremente<br /><br />Lá fora (os pequenos demónios)<br />levantam o pó dos medos soterrados<br />numa laboração fremente<br /><br />Eis que tremem com a descoberta<br />Brilhos ázimos soltam-se dos seus olhos<br />Faíscando em ânsias de mortefelixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-19344194586587909262010-09-01T09:44:00.000-07:002010-09-01T09:45:02.716-07:00I<br /><br />O homem vai apertado,<br />Desce a rua num casaco apertado,<br />Dá um jeito aos ombros de quando em vez,<br />Estica os braços incomodado de quando em vez.<br /><br />O homem cresceu dentro do casaco,<br />Viveu a vida fechado dentro do casaco,<br />Lamenta-se esticando apenas o pescoço,<br />A única coisa que sente liberta é a cabeça ao esticar o pescoço.<br /><br />O homem chega a casa por fim,<br />O trabalho de um dia inteiro chegou ao fim,<br />Larga a mala no chão da sala e suspira abrindo a janela,<br />Respira o ar que lhe faltou com a cabeça de fora da janela.<br /><br />O homem despe o casaco que se rasga,<br />O casaco não aguenta a pressão e é por isso que se rasga,<br />Fica ali no chão ao lado da mala e o homem dá um jeito aos ombros,<br />Estica os braços aliviado (e leve) sente que se descontraíram os ombros.<br /><br /><br />II<br /><br />O homem tenta dormir mas a luz verde do relógio,<br />A luz verde e o anúncio do despertar emanam do relógio,<br />Desliga a ficha e abandona-se cru no horizonte do descanso,<br />Não sabe se adormece mas sente-se a sonhar em pleno descanso.<br /><br />O homem há-de acordar e abrir os olhos,<br />Mas agora, mesmo com o sol que lhe traz riscas de luz aos olhos,<br />Deixa-se estar entre um mundo e o outro, entre um mundo e o outro,<br />E não sabe quando acorda se prefere este mundo em que ainda está se o outro*.<br /><br />Decide por levantar-se e depois de um banho vigoroso entre águas ferventes e outras refrescantes,<br />Sobe à arrecadação de luzes rasantes e poeiras levantadas e um baú cheio de cores refrescantes,<br />E fica um dia inteiro a martelar a coser a desmanchar a recomeçar a desenhar a pensar a fazer (e as paredes cheias de planos),<br />E desce com alegria (!) e come com apetite coisa de trazer saúde e prazer ao estômago e aos olhos que não descansam porque a cabeça fervilha de planos.<br /><br />Sai para a rua e traz em si uma coisa nova que dispara tiros de cor para os cinzentos da rua das coisas e dos homens,<br />Traz em si uma coisa nova que é uma arma que mata os homens mas dá cor às coisas da rua e mata mesmo os homens,<br />Cada vez há menos cinzento cá fora, dos seus olhos, que são a fronteira entre este mundo e o outro, menos cinzento cá fora<br />E nessa fronteira é como se dois rios corressem, agitados revoltos antagónicos, um correndo cinzento o outro com as cores derramadas cá fora<br /><br />* Para onde vai se abrir os olhos.<br /><br />III<br /><br />O homem nada na cor que a mistura da sua fúria de pintor revelou, esticou o corpo e flutuou abandonado e cansado, pensando que feliz, afinal cansado, por dentro cinzento de cinzas, de coisas que queimando se perderam. As suas mãos amarradas atrás das costas, o sangue que escorre das mãos, que suja quem o ata mas que vive, ao contrário dos que se amontoam nos passeios, nas escadarias, sem cor que não seja a do abandono dos assuntos dos vivos. Afinal em vez de um casaco agora uma coisa de metal que prende arranha e pressiona os ossos dos pulsos. Afinal em vez de liberdade o final.felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-6238617798269081662010-07-30T07:51:00.000-07:002010-07-30T07:59:06.808-07:00Remake revisto e ampliado de:<strong>Sessão de cafet no Nicola Gourmet com esboços de anagramas</strong><br /><em>(Março de 2008)<br /></em><br />I<br />Trago hoje a carga do tédio, sou numa sala d'espera d'ospital, paciente de uma consulta que não marquei. Antes queria o vazio, se o houvesse, que estas peças de puzzle (são tantas) que não encaixam: falta-me a estampa da caixa como guia, falta-me. Sobro-me, eu que nada sou sem amar, sou peça d'artilharia deixada na rua sem guerra que se lhe depare, num país-país de paz-tédio. Um país de ninguém-luta, medo-casa. Sobro-me no vento das coisas, abstracto sopro sem direcção que proveito ou descoberta traga, sou vela enfunada para a frente atirada sem mapa onde pousar o compasso. Capitão de astrolábio inútil com este céu carregado (podia chover...). Passo tempo num café de um país-não-paris: oh tremor tectónico de outras eras e paragens, abana-me o copo de água das pedras, faz-me olhar para fora deste espécie-mundo, fossa pútrida dos compartimentos sociais, carro, apartamento, quarto (onde estão os terceiros se nem a mim me encontro?).<br /><br />II<br />Cromossoma soma corpo<br />subtrai cromo sobra (s)soma - diminuiu<br />moço (se ç=ss) se cromo fosse<br />sem corpo perduraria num qualquer moma<br />em maço (se ç=ss) ou só (se s só fosse)<br />macromoço com ligeiro croma<br /><br />III<br />Nicola por vezes cola<br />ou o nico à sacola ou essa ao nico<br />se tenta e com força descola fica<br />na sacola um naco do nico que<br />de tão laico fica sem clã nem lona na sacola<br /><br />IV<br />Pedras salgadas com empadas sem sal<br />nas galas ou festas de pouca monta onde<br />pululam ladras nas salas<br />roubando preciosas gema-pedras<br />comendo regaladas anchovas em salga<br />com nutritivas saladas<br />em pé ou refasteladamente sentadas<br /><br />V<br />Antes queria uma água por favor, estou assim enjoado - comi muito ao jantar: o galão, já se vê, seria um peso. Além de que uma aguinha fica bem e paga a renda do ateliê de escrita. Queria uma água, um nada por favor, quero nada, por isso dê-me a aguinha natural, quanto é? noventa e cinco cêntimos, aqui estão, posso sentar-me? A garrafa, ponha na mesa, fica bem, dá-lhe cor e dá-me gosto depois repetir a sinfónica cascata no copo de vidro, maestro verta um <em>allegro</em>, isso <em>vivacci</em>, agora <em>ma non troppo</em> com cuidado, não pareça um xixi, isso assim sim maestro, um aplauso para si, ora guarde esta gorjeta: os cinco que me sobraram dos cem que lhe entreguei. Pelo concerto ora essa, aceite por quem é, com os cumprimentos do meu saldo a descoberto.<br /><br />VI<br />Fica no caderno, tenho que fazer<br />(onde está o caderno?)felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-30347347770036537202010-07-30T07:31:00.001-07:002010-07-30T07:31:58.796-07:00<em>No andar de cima soa um piano, sem dedos de homem ou mulher. As teclas abatem-se no ângulo e na intensidade precisas da tristeza. De vez em quando o silêncio amplia-se e ensurdece-me, mas logo vem a pungência sonora lembrar-me da essência teimosa da vida que, por mais ténue e fugaz que aparente, sempre liberta a sua nota ainda que tímida. (No andar de cima não toca nada, só o silêncio…)<br /><br />Mas podia tocar…</em>felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-39689387007098329272010-07-30T07:04:00.001-07:002010-07-30T07:07:00.509-07:00(Ser)ÓDIONão tendo nada mais edificante para pensar,<br />Ia o Sol se perdendo nas incomensuráveis alturas celestes,<br />E reverberando a terra em anúncios de lazer,<br />Dizia eu que assim mergulhado num torpor destes,<br />Me pus sem querer nem premeditar: a odiar.<br /><br />E de um sentimento ou concepção genéricos,<br />Saltei para o perfilar dos objectos da minha eventual repulsa,<br />Procurando nos meus vórtices históricos,<br />A revolta que às vezes em mim pulsa!<br /><br />E fui, com algum esforço confesso, na lama do desagrado,<br />Digo eu encontrando quem, por actos por mim menos esperados,<br />E tendências mais assumidamente vis,<br />Se sentasse no trono dos mafarricos e malfadados,<br />E se dispusesse, por impossibilidade de defesa*<br />À dupla serventia d’alvo e condenado.<br /><br />De palavras afiadas, molhadas no mais desprezível veneno verbal,<br />Dispostas numa mesa emprestada por um retirado algoz,<br />Aborreci-me da tarefa seguinte sem prova experimental,<br />Pareceu-me pintura fraca a visão do indefeso,<br />Escorrendo as lágrimas e a urina do desespero.<br /><br />Deixei assim a mesa posta num museu recém estreado,<br />Cortei as cordas do prisioneiro e abandonei a sala.<br /><br /><br />* (face à tirania da memória)felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-7926281410113805052010-04-27T16:49:00.000-07:002010-04-27T16:58:21.181-07:00Para alguém que perdeu uma árvoreA árvore subiu muito alto<br />Seus ramos rasgando as nuvens<br />Espalhando as folhas sem sobressalto<br /><br />Um dia não havendo mais espaço<br />Nem tempo que lhe valesse<br />Desapareceu em colapso<br /><br />Mas seus ramos que as nuvens rasgavam<br />eis que raizes agora se tornam<br />e delas novos ramos brotam<br /><br />E das antigas folhas onde as estórias se espraiavam<br />de uma assentada retornam<br />e em novos verdes ecoam<br /><br />Assim a "árvore que tomba" cedo se levanta<br />pois a seiva que deixou na vida pulsando<br />a sua senda vai continuandofelixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-68954170653388760912010-04-14T10:11:00.001-07:002010-04-14T10:11:24.497-07:00BobiAqui estou eu na minha velha beira-mar, da desdita e periférica Cruz Quebrada. Presenteada anos a fio pelo fluxo imundo do esgoto das suas terras irmãs. Com o seu pontão quebrado, numa meia arrogância dos seus avançados blocos de pedra, ilhas de vanguarda, habitadas por gaivotas e persistentes pescadores à linha.<br />É um banco de memórias da revolta dos mares, cofre dos despojos dos homens e da natureza.<br />O último dos seus pescadores (daqueles de barcos e redes e mãos gretadas e corpo moreno e rijo e fome) abandonou a sua casa, uma de várias, tolhido por uma partida que o coração lhe pregou. Cumprimenta-me sempre com a mão esquerda, porque a outra se entregou à imobilidade, mas não regateia um sorriso largo quando nos cruzamos numa paragem de autocarro, ou no túnel que leva à estação dos comboios (que nos levam a praias que não foram esquecidas).<br />A Ti’Ana tratou-lhe do Bobi na sua ausência. Conheci o Bobi há mais de uma década, com as suas mãos-patas enormes sempre prontas para um abraço. Tenho saudades dele, logo à entrada da praia, olhando indiferente os passageiros dos comboios de um dia inteiro. Lá de longe assobiava-lhe (o som é secreto e não vou revelá-lo) e de orelhas em radar esperava-me ansioso, de pulmão cheio, naquele ladrar contido de quem não sabe o que dizer primeiro do tanto que sente. Como eu agora por ele. Nunca o levei a passear, ficava só ali a enchê-lo de festas e palmadas no lombo à camarada, guardados os dois por uma corrente prisional a fazer-me lembrar que a visita era curta, e que me esperavam tarefas e pessoas.<br /><br />O Bobi esteve ali muitos anos, mesmo quando deixei de andar de comboio, guardião da esquina dos passageiros dos comboios, à espera de um comboio que demorava meses. Há uns meses foi-se embora, mas não como o seu pescador António, abandonou mesmo esta coisa de estar vivo, deixando para trás uma praia inteira, de casas dizimadas pelas tempestades recentes.<br /><br />Agora só vejo vidros partidos, paredes de alvenaria de tijolo a arreganhar o dente, e a cor em lamentos dispersos agarrada a pequenos pedaços de plástico…felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-66248999044201494072010-03-09T08:12:00.000-08:002010-03-09T08:22:44.128-08:00Sobre gente sentada I<a href="http://4.bp.blogspot.com/_y7X1hHslkug/S5Z1TzTIzSI/AAAAAAAAARg/w2-uqDSVdZ4/s1600-h/hommos+sentadus+txt.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5446669782399634722" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 223px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_y7X1hHslkug/S5Z1TzTIzSI/AAAAAAAAARg/w2-uqDSVdZ4/s320/hommos+sentadus+txt.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-87862967839493388882010-02-10T06:25:00.000-08:002010-02-10T06:26:57.244-08:00Desculpas de um designer IChefe... eu só não cheguei a Times porque houve um Akzidenz Grotesk...felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-70744000259769088202009-08-21T09:17:00.000-07:002009-08-21T09:55:06.969-07:00HojeO meu tio é um homem enorme. Leva-me à praia e tapa-me as ondas nas praias da Costa, com o peito aberto virado para o horizonte a desafiar cristos-rei e adamastores, e eu ali atrás dele com a minha irmã, rindo-nos do medo e de as ver passar já partidas em pedaços numa espuma inócua de champô-amaciador.<br /><br />O meu tio apanha um eléctrico amarelo (que deixou de passar por ali) e aparece lá em casa com livros de quadradinhos usados (chama-lhes mosquitos), e deles se abrem mundos a preto e branco, com heróis de espada pronta para a luta (vim a saber que descansam os braços quando viramos a página). Traz-me brinquedos e senta-se a fazer-me companhia com um sorriso largo, enquanto eu vou sonhando que voo dentro de um helicóptero azul. O meu tio enche a casa de chocolates da vaquinha, comprados nas bancas de rua e cebolas e batatas e garrafas de azeite, que descobri serem fundamentais. Mas os chocolates da vaquinha são doces e trazem amendoins.<br /><br />O meu tio é um homem enorme, porque gosta das coisas simples. Nada tem que não deixe de ser seu, porque é como alguém que só olha para fora, sem saber de si. Casou-se muito tarde e perdeu a mulher muito cedo. Hoje (o hoje dele é enorme porque é a soma dos dias que já se foram embora com os que hão-de vir) tem de suportar o tecto do tempo como um Atlas, vergando as costas, resistindo ao peso do seu mundo que se desfaz em grãos de areia.<br /><br />Mas nunca deixa de ser um homem enorme e eu gosto de ir ter com ele a correr, e numa hora de almoço condensar estes passados e presentes e receber dele sempre aquele sorriso largo a dizer que gosta de me ver.<br /><br />Aborrece-me ele ter nascido há tanto tempo e a idade estar tão ansiosa por engoli-lo e tirá-lo de mim.felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8950931471892471726.post-74075980434537863332009-01-24T09:45:00.000-08:002009-01-24T09:48:31.460-08:00Sobre o alémÉ ter em rasa conta a natureza humana, supor que o além nos domina o intento e a façanha, para o mais e para o menos, para o bem e para o mal. É ter em escassa consideração a dimensão do poço abrupto do ser consciente, único, intransmissível, finito no tempo, infinito na percepção.felixcomosemprehttp://www.blogger.com/profile/18381564464206460121noreply@blogger.com0