segunda-feira, 16 de março de 2015

Ler duas vezes

​Sem saber bem o que fazer ao tempo, quando a vida me obriga a esperar, retorno aos livros que no passado me aqueceram os dias. Às vezes um sobressalto da memória faz-me sentir em casa, outras o desconhecido assombra-me ou ilumina-me. Neste processo, um desses homens da palavra, fez-me perceber porque o fazia: Kundera falando da velocidade e da lentidão. Porque é importante andar devagar quando o tempo nos comprime os dias, nem que seja fingindo, os passos sucedendo-se pausados e o coração em atropelo, a empurrar o espírito que o rasteira, mas os passos ainda assim sucedem-se pausados. Reler é às vezes a única forma das palavras entrarem cérebro dentro e se espalharem pelo corpo.

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